terça-feira, 19 de abril de 2011

Revolução charruá

A Copa do Mundo da África do Sul foi um momento de resgate de uma camisa que há muito tempo não era colocada no local onde deveria estar. A celeste uruguaia voltou a figurar entre as quatro melhores seleções do mundo depois de quarenta anos sem alcançar tal posto. Mas a retomada charruá não ficou na África. Este ano, os uruguaios conseguiram se classificar para as Olimpíadas de Londres e voltarão a disputar a competição depois de mais de 80 anos. Para quem acompanha o futebol uruguaio com atenção isso não é surpreendente.

O primeiro grande responsável pela retomada uruguaia se chama Oscar Tabarez. O Maestro, como é chamado por já ter sido professor, assumiu todas as categorias de base do país e assim conseguiu interligar o trabalho dos garotos ao dos profissionais. Isso é muito importante para o Uruguai, que tem uma população muito pequena, e se torna um diferencial já que seleções como Brasil e Argentina não conseguem fazer muito bem esse trabalho. Além disso, Tabárez solicitou à Associação Uruguaia de Futebol que fornecesse trabalho psicológico aos jogadores desde a base.

O outro fator que realimenta o futebol uruguaio se chama Club Nacional de Futebol, o tradicional Nacional. Durante a segunda metade da década de 2000, os Bolsos, apelido da equipe, conseguiram recolocar o Uruguai em posição de destaque no continente sul-americano. Ao contrário do seu arquirrival Peñarol, que participou apenas uma vez da Libertadores nesse período, o Nacional não tão somente participou, como passou para a fase de mata-mata em todos os anos de participação. O auge foi 2009, quando os tricolores chegaram às semifinais, sendo eliminados apenas pelo campeão Estudiantes. Naquele ano, o Uruguai colocou Nicolás Lodeiro na seleção da América, o que não acontecia desde os anos 1990 com El Principe Francescoli, jogador histórico do River Plate da Argentina.

Mas o mais importante desses anos de recuperação do Nacional foi que ele revelou jogadores capazes de representar o Uruguai em nível internacional competitivamente. Da “cancha” do Parque Central surgiram jogadores como Luisito Suarez, Nicolás Lodeiro, Diego Arismendi, Maurício Victorino, Cardaccio, Muslera, Diego Godín, Sebástian Coates e Álvaro Fernandez. Estes, somados às poucas revelações do Peñarol, como Abel Hernandez, do Danúbio (Cavani) e do Defensor(Cáceres), conseguiram retomar um Uruguai competitivo.

E o presente só mostra que o futuro tem capacidade de ser tão glorioso quanto o passado. Estes jogadores se destacam na Europa. Não me surpreendi quando vi o Uruguai nas semifinais da Copa do Mundo (é sério, teve até um amigo meu que disse que eu tava mais otimista que a mãe do Loco Abreu) e não me surpreenderia se houvesse um novo Maracanazzo.

Por Nícolas Barbosa

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