Hoje, têm alguns dos maiores clássicos do mundo: Palmeiras VS Corinthians, em São Paulo , Flamengo VS Vasco, no Rio de Janeiro, Internacional VS Grêmio, no Rio Grande do Sul, as maiores rivalidades do futebol brasileiro em campo. Então , durante a semana tivemos muita provocação, piadas contra os adversários, jogadores trocando farpas, enfim... Clima de clássico criado, certo? Não!
De uns tempos para cá o bom humor vem sumindo dos estádios de futebol. O clima de tensão predomina, dentro e fora de campo, o futebol parece estar perdendo o seu lado lúdico, descontraído, um refugio das pressões diárias, e tem se tornado mais um local chato.
Sinto muita falta das declarações polêmicas, das danças e dribles em provocação ao adversário, e diversos outros acontecimentos corriqueiros nos estádios e na preparação para jogos decisivos, principalmente, nas semanas dos clássicos. Na atualidade a ‘onda’ é “vamos respeitar o adversário, ele é muito qualificado e temos de ter atenção os 90 minutos”. Cadê as provocações do tipo “vamos arrasar esses gambás”, “nosso time é muito melhor se jogássemos três dias ainda não perderíamos para eles”. Ou o criativo chororô que a torcida do Flamengo fez para a botafoguense.
A questão está tão séria que, no clássico paulista, um promotor foi dá palestra nos grandes clubes de São Paulo antes das semifinais deste fim de semana. Sob a alegação de preocupação com a segurança dos clássicos, o promotor foi pedir que os jogadores não fizessem declarações “polêmicas” ou provocativas, pois poderiam ter um resultado de fúria na torcida adversária. Paciência! Como se os jogadores falando ou deixando de falar impedisse os “torcedores” de se digladiarem. Isso é o estado emitindo um atestado de incompetência, de sua incapacidade de formar sujeitos sociais por meio da educação.
Assim, o “politicamente correto” – expressão surgida na década de 80, como uma tentativa da direita estadunidense de descaracterizar as idéias da esquerda - predomina nos estádios. Todos são times grandes, com a mesma qualidade técnica, pois nenhum time pode ser chamado de pequeno ou ruim que todos se ofendem.
Espero ver um dia a “pimenta” de volta aos gramados, e aos microfones, que os clássicos possam ser agitados não só por belas jogadas, mas também por frases engraçadas, ou nem tanto, que fazem a alegria e rivalidade “sadia”, sem violência, do futebol. Afinal, isso faz o futebol tão belo. A alegria de torcer por aquelas cores, por aquele símbolo, por aquele clube. Já ouvi várias vezes e concordo muito com algumas pessoas que dizem que a maior mística para o torcedor, o momento de grande alegria, é a segunda feira. Nada seria do futebol sem o dia seguinte...
Por Dérek Sthéfano
*Não podemos confundir expressões opressoras, historicamente consolidadas, como por exemplo: viado, para denominar homoafetivos, com expressões às quais teço as críticas durante o texto. Critico a utilização de expressões exclusivamente para suavizar relações esportivas, hipocritamente, como se todos os clubes realmente recebessem o mesmo tratamento, o que seria bem mais importante.
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