domingo, 5 de junho de 2011

Cadê a Seleção do Povo?

O que você faria com R$150? Talvez você se pergunte qual o objetivo de uma pergunta como esta em um blog esportivo, correto?!  Talvez você imagine que seja algo relacionado ao preço da camisa de seu time de coração. Ou irei falar sobre alguma contratação esquisita, ou relacionada ao salário de algum jogador de time pequeno... Nenhuma das alternativas está correta. R$ 150,00 este era o valor mínimo para quem quisesse ver o Brasil em campo contra a Holanda, na cidade de Goiânia. O torcedor que quiser um lugar um pouco mais confortável no estádio deveria desembolsar R$340,00 para as cadeiras, ou até R$ 800 para o setor Vip. Entre os cambistas, os ingressos de arquibancadas não saiam por menos de R$ 300.
Vejamos bem, hoje, estes R$ 150,00, do menor valor, representa quase 30% do salário mínimo nacional que é R$545,00. Com isso, a maioria da torcida brasileira que quiser ver um jogo deste terá que ir para arquibancada, e se virá para sustentar a família com os R$395,00 restantes, desde que não vá a nenhum jogo do time de coração, que no brasileirão deste ano o preço mínimo do ingresso custa em média R$40,00. Caso não resista, e resolva ir a apenas um jogo do time de coração lhe sobrará R$355,00 para passar o resto do mês, e não estou incluindo alguns castos resultantes dos jogos, transporte, lanche dentre outros, dependendo dos gostos de cada um.
E não foi um “privilégio” dos goianos pagar por ingressos salgados para ver a seleção canarinho. Em São Paulo, para o jogo da proxima terça, a média de preços varia entre R$140,00 e R$350,00, para quem quiser acompanhar a despedida de Ronaldo, o Fenômeno, da seleção. Ronaldo não seria o craque do povo também? Sei que o fenômeno não tem decisão sobre a definição do preço dos ingressos, isto é apenas um elemento a ser problematizado.
 “A CBF não tem participação na definição desses ingressos. Esse jogo, apesar de envolver a Seleção Brasileira, foi terceirizado para uma empresa de marketing esportivo, que é a detentora dos direitos comerciais do jogo, como placas, ingressos, toda a parte comercial. É a Kleffer Marketing Esportivo que designou o preço dos ingressos, a princípio era R$110 reais e para a nossa surpresa, houve uma nova avaliação”. Quando vemos declarações como esta, percebemos de forma cada vez mais clara quem são os verdadeiros beneficiados com estes jogos.  Ficando a mercê dos critérios obscuros destas empresas a definição sobre o acesso, ou não, do povo ao seu espetáculo.
Estamos prestes a receber uma Copa do Mundo, e Arenas faraônicas estão sendo construídas. Bilhões de reais dos cofres públicos têm sido destinados a estas obras, sem que se tenha um minimo esclarecimento sobre a verdadeira função social destes Megaeventos. Será que a população não merece uma concreta justificativa sobre o por quê de tanto dinheiro estar sendo destinado para estes eventos, para, a partir daí, refletir sobre para quem tem sido construído estes espetáculos...
Sonho com o dia em que o futebol volte a ser encarado enquanto cultura de todos, um espaço onde todos independente de raça, credo, condição social, se reuniam sob as mesmas condições, para torcer, chorar, se angustiar, vibrar. Enfim, que os estádios de futebol voltassem a ser um espaço que todos pudessem saborear a arte, o espetáculo que é o futebol.
Enquanto isso fica o questionamento, se o futebol é o esporte do povo no Brasil, por que o povo tem sido excluído dos estádios dessa forma? Como indagou Lucio de Castro, jornalista da ESPN, onde ficarão os setores populares nestas novas Arenas? Quem poderá pagar por estes ingressos?

Por Dérek Sthéfano

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