Não, não é um pesadelo. Os torcedores do más grande de Argentina (de longe) acordarão, se é que dormiremos, na próxima segunda-feira, rebaixados pela primeira vez em 110 anos de história. Mas o que aconteceu de errado? É culpa do pênalti que El Tanque Pavone desperdiçou no segundo tempo? É culpa do juiz que não marcou um dos pênaltis mais claros da história? É culpa de Passarela, de J.J. Lopez ou dos jogadores?
Não. A culpa é da antiga administração do clube. José Aguilar, o homem que afundou nossas canteras. River Plate para quem acompanha o futebol argentino nas duas últimas décadas é sinônimo de formação de craques. Das bases saíram jogadores como Ariel Ortega, Marcelo Gallardo, Pablo Aimar, Javier Saviola, Andrés D’Alessandro e Gonzalo Higuaín. Dos nossos rivais do Boca, na mesma época só saíram Carlitos Tevez, Nicolás Burdisso e Fernando Gago. Pois Aguilar cometeu a tirania de começar a vender nosso futuro em fatias que rapidamente se colavam na Europa, no México e em outros países da América do Sul. Craques que viravam piscinas, ginásios, times de outras modalidade e que principalmente enriqueciam Aguilar e seus companheiros.
Dessa improbriedade os tricolores cariocas podem agradecer por ter Darío Conca. Considerado promessa no clube, rapidamente foi fatiado sem sequer ter jogado partidas no profissional. Os mexicanos levariam Damián Alvarez que levantaria títulos e mais títulos com o Pachuca. Mussachio, que hoje é titular no bom time do Villarreal da Espanha. E assim o patrimônio Millonário era leiloado e fatiado.
Em 1996, os referentes do River eram Yepes – Almeyda – Sorín – Francescoli – Ortega –Crespo. Já em 1998/1999 tivemos jogadores do nível de Ayala, Gallardo, Saviola e Aimar. Destes, todos ou foram formados no River ou foram contratados de equipes menos expressivas. Nos anos 200 vemos um contexto que mudou. Apesar de termos um time excelente em que estavam Demichelis- Mascherano – Cavenagui – Maxi Lopez – D’Alessandro o os últimos dois bons times já mostravam que o clube se subjugava ao interesse dos empresários. Em 2006, formamos um excelente time que entre os dois referentes estavam atuais membros do sensacional Porto desta temporada: Fernando Belluschi e Falcão García. Estes, somados a Gallardo e Higuaín formavam um bom time. Entretanto, a contratação de Belluschi foi extremamente cara. Porque não conseguíamos mais revelar um jogador desse nível? No título de 2008, os referentes eram Carrizo – Ferrari – Buonanotte – Ortega – Alexis Sanchez – Loco Abreu. Destes seis jogadores citados, apenas metade foi revelada nas canteras do River.
Paramos de valorizar nossos juvenis, esse foi o problema. Apenas com a chegada de Passarela à presidência vimos uma mudança de posição. Apesar da imensa crise financeira, El Kaiser não quer vender nossas duas jóias: Lamela e Lanzini.
A grandeza do River está dentro de si, o gigante irá continuar a se reerguer com a volta dos tempos em que a base é o principal foco voltaremos a ser um dos maiores da América. E não vai demorar, somos campeões em praticamente todas as categorias de base da Argentina.
Por Nicolas Barbosa